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A EXTINÇÃO - UM LEGADO TRISTE À NOSSA DESCENDÊNCIA - 1ª PARTE


EXTINCTION - A SAD LEGACY TO OUR CHILDREN
(The Last ONE)


O ÚLTIMO



Moa (1)
A Extinção é uma palavra que me assombra desde miúdo. Desde que a vida selvagem, a vida animal entrou na minha vida. Por estranho que pareça, os dinossauros que todos nós conhecemos não foram os primeiros a fazer-me pensar na tristeza de não poder ver como eram, como viviam na realidade muitas das espécies desaparecidas; a Moa, uma ave não-voadora endémica da Nova-Zelândia desaparecida calcula-se há 1400 AD, e o Dodó, uma outra ave não-voadora endémica das ilhas Maurícias extinta, provavelmente por volta 1670/80, pouco mais de cem anos depois de ter sido descoberta, os dados referem 1665 como o último registo de uma referência ocular... Foram estes os primeiros animais extintos que na inocência de uma criança a fez questionar sobre o papel do homem na conservação e preservação das espécies.

Dodó (2)


A extinção, é na verdade por definição, um fenómeno biológico único. Já em termos ecológicos, pode estar associado a várias causas. Aliás, ao longo da história do planeta Terra, nunca foi um acontecimento fácil de diagnosticar em todas as suas exactas razões causais. Se por um lado, os fenómenos naturais têm no tempo influenciado as alterações da vida na Terra no sentido da sua evolução e adaptação, não é menos verdade, que esta consequência inevitavelmente acaba por fazer desaparecer a anterior forma de vida original por força da não multiplicidade dessa espécie. Por outro lado, o efeito análogo desta consequência, é também o impacto na biodiversidade dessa região, onde o desaparecimento de uma espécie causará um profundo desequilíbrio no ecossistema existente, ao ponto de potenciar o risco de conservação ou equilíbrio de algumas espécies nessa cadeia alimentar estruturada.
Porém, a extinção de espécies nos últimos 600 anos, tem tido implícito um factor que não consigo conceber e muito menos aceitar: o Homem. Se entendo a luta pela sobrevivência, e se compreendo a subsistência pela necessidade alimentar, já não posso justificar o extermínio deliberado pela apetência do homem em satisfazer o seu ego da prepotência sobre os outros seres, sempre de forma cobarde e desproporcionada.

Este estudo pretende através de um artigo genérico, abordar as questões ligadas à extinção. Falar igualmente, na sua medida, sobre factos que me tem feito reflectir estes anos de como podemos inverter ou delimitar o perigo que correm as espécies ameaçadas ou aquelas em crescente risco de virem a ser uma inevitabilidade... Mais tarde ou mais cedo, perante o actual quadro do comportamento humano, diria que quase todas elas correm essa vulnerabilidade.

Antes de mais, vamos olhar para a extinção numa breve síntese histórica.

A extinção de espécies teve até agora duas grandes Eras biogeográficas temporais no que respeita à distribuição e existência da vida animal, que poderemos dizer; com um desaparecimento em massa. O mais importante e aquele que melhor está documentado, obviamente pela proximidade, foi na Era do Mesozóico. Esta Era, define-se regra geral por dois grandes períodos: Triássico e o Cretáceo. Entre este dois surge um período determinante para a história do reino animal: o Jurássico. Falamos de aproximadamente: 5 milhões de anos, com o maior período de tempo no Triássico (4 M. anos). É nesta Era que a vida se desenvolve de maneira a termos hoje uma melhor percepção do que é a evolução e a adaptabilidade das espécies. Em termos climáticos este é o tempo que medeia a mudança de uma terra quente e seca para um clima mais húmido e chuvoso e de maior frequência nas alterações climáticas, permitindo que a vegetação se renovasse, se desenvolvesse, se tornasse exuberante e abundante, fazendo com que os herbívoros proliferassem adaptados à evolução dessa nova biodiversidade… e com isto, deu-se o espaço para surgirem os grandes carnívoros e predadores. É o grande período Jurássico… no tempo dos nossos conhecidos dinossauros… que durou até há 65 milhões de anos, quando um ainda muito discutido fenómeno natural - e que não vou aqui teorizar sobre essa questão que nos levava a uma outra longa subjectivação -,  os extinguiu já mesmo no período final do Cretáceo.
T.Rex, na sua dimensão projectada.


Em resumo, no Triássico dá-se a primeira fase desta extinção em massa com a mudança das condições climáticas e geográficas, por aquilo que conhecemos como o fim do Pangea; a fragmentação de um único e grande continente terrestre. Com a chegada do Jurássico, a vida reinventa-se de novo, como só a natureza sabe fazê-lo… e o reino animal e vegetal, tanto no mar como na terra multiplica-se, desenvolve-se, adapta-se e evolui. É no fim deste período que surgem os acontecimentos que levam às teses sobre a extinção de grande parte das espécies na passagem do Cretáceo para o Terciário. Mas a natureza é assim mesmo… da grande tribulação climática, geográfica ou geológica nem todas as espécies foram totalmente afectadas; alguns répteis e diversos anfíbios resistiram ao tempo, e os mamíferos de menor porte ou as primeiras aves, para além de grande parte dos insectos e invertebrados deram a partir do fim desta Era um sentido claro à explicação da evolução das espécies.
Quanto à primeira grande Era de extinção em massa, deu-se no Paleozóico, na Era precedente ao Mesozóico, com um tempo geológico de 300 milhões de anos. Esse fenómeno ocorreu no período Pérmico ou Permiano, o último período desta Era. Mesmo presumindo que terão existido cerca de cinco grandes extinções ao longo da história da Terra, são estudos que nos levam a conjecturar com alguma fundamentação nos dados geológicos e na paleontologia que, nesta época terá acontecido a maior destruição e extinção da vida no planeta desde que ela se desenvolveu pela primeira vez. Calcula-se que entre os 90 e 93% da vida terá desaparecido, na maioria espécies e formas invertebradas marinhas.

Termino esta sumula sobre os primeiros processos de extinção antes da presença humana. Falemos então agora brevemente de um período em que a presença dos nossos primeiros antepassados directos, na forma hominídea até ao Homo erectus, surgiram e influenciaram por acção directa e por consequência também de forma indirecta o desaparecimento de cerca de 30% das espécies de mamíferos existentes, para além de uma eventual significativa percentagem de géneros de aves; visto serem os dois grupos mais ameaçados pelos nossos antepassados pré-históricos neste período. Este é o Pleistoceno, o período que decorreu até há pouco mais de 11.000 anos atrás. Mesmo tendo em conta as alterações climáticas e a definição das grandes regiões glaciares e das diversas extensões de terra interglaciais; a caça e a dispersão geográfica por influencia da presença destes seres, e predadores dominantes… causaram pelo extermínio e pelo desequilíbrio dos ecossistemas ou das cadeias alimentares o desaparecimento da chamada Megafauna (espécies antepassadas das existentes hoje em dia e de porte bem maior), em espécies como: Mamute (Mammuthus primigenius); Tigre-dente-de-sabre (Smilodon sp.); Perguiça-gigante (Eremotherium laurillardi); Urso-das-cavernas (Ursus spelaeus); Rinoceronte-lanudo (Coelodonta antiquitatis); Alce-gigante (Megaloceros hibernicus)… claro que a lista é muito maior e muito mais diversificada em espécies.
 

Megatório ou Perguiça-Gigante, e um Gliptodonte 
Por mais duro, mais difícil, mais inaceitável que seja… o Homem, é o único animal conhecido que conseguiu (e continua a  fazê-lo) causar e produzir efeitos no desaparecimento da vida animal. É por isso, sem dúvida, o agente mais poderoso no processo da extinção de espécies. Só para termos uma ideia e sustentar esta afirmação, basta olhar os números de uma pesquisa global que relata mais de 800 espécies extintas nos últimos 500 anos, e de acordo com os registos estima-se que a taxa pode ir até mais de 10.000 vezes do que as outras extinções em massa nas Eras anteriores ao homem.
E as causas ou os efeitos dessas acções e atitudes são muitas. Tantas somadas que se torna praticamente impossível quantificar o impacto anual no aumento do risco da sobrevivência das espécies hoje ameaçadas.

Basta pararmos e pensarmos nestes factores:

A caça desportiva legalizada e a falta de controle biológico desta actividade.
A caça furtiva e complacência das instituições politicas internacionais responsáveis em medidas eficazes.
A pesca de mais de 100 toneladas de pescado por ano para a alimentação e cerca de 30 toneladas usada para outros fins que não a subsistência.
A pesca desregulamentada.
A pesca furtiva sobre espécies ameaçadas com a clara cumplicidade da sociedade civil.
O comércio ilegal de animais e plantas.
O próprio comércio dito legal e ao abrigo de leis estatais.
O envenenamento por vingança e represália sobre espécies aquém lhes foi expropriado ou danificado o seu habitat natural.
O envenenamento por uso de químicos nos diversos ecossistemas geminados com presenças urbanas.
A poluição climática da atmosfera e a sua consequência no aquecimento global pelo efeito estufa ainda muito aquém de uma protecção necessária da camada de ozono que representa quase 98% da absorção dos raios ultravioletas, sendo ela o escudo da vida no planeta.
A poluição ambiental através da proliferação/libertação de residios e lixo ou tóxicos urbanos.
A destruição dos habitats pela industria madeireira e pela exploração de minérios.
A contracção ou a condensação de habitats pela expansão industrial e económica de zonas biogeográficas condicionando a subsistência dessa biodiversidade.
A erosão dos solos e as alterações geográficas geradas no interesse dos lobbies financeiros.
A introdução de espécies não nativas pelo homem em habitats de biodiversidade delimitada.
A desinformação ou a inconsciência deliberada na interacção de animais domésticos ou de companhia em habitats ou nas suas imediações com elevados riscos de contaminação por doenças invasoras urbanas.
O uso ou a promoção comercial de peles de animais e artefactos de origem animal.
A desflorestação por acção de expansões de terrenos agrícolas marginais sem planeamento numa sustentação ecológica.
Reservas naturais regulamentadas com permanente interferência na sua conservação pela exploração turística fomentada por interesses meramente económicos.

Fico por aqui, mas provavelmente, se fosse analisar os meandros de todos estes comportamentos e atitudes poderia elaborar outra lista muito semelhante… clarividente da inconsciência, da irresponsabilidade, da prepotência e do egocentrismo humano.

Contudo…
Nem toda a humanidade age por estes inclassificáveis diapasões comportamentais. Ainda tenho alguma esperança que, com o grande esforço de diversas organizações de conservação da vida selvagem, se consiga de certa forma influenciar a opinião pública, as entidades governamentais e políticas na consciencialização sobre um problema que é inteiramente da nossa responsabilidade actual e futura. O fim das espécies, conforme as conhecemos, será, quer se queira quer não, o principio da nossa decadência e falência como espécie também.

A promoção e divulgação do trabalho de instituições ou projectos conservacionistas como:
WWF (World Wildlife Fundation), AWF (African Worldlife Fundation), CNRLI (Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico), WCS (Wildlife Conservation Society), CITES (Conservation on Internacional Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora), BirdLife Internacional, CI (Conservation Internacional), SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves), Grupo Lobo, ESI (Endangered Species Internacional), FFI (Fauna & Flora Internacional), ICNB (Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade), e do excelente projecto; Programa LIFE/Projecto LIFE Habitat Lince Abutre... podem ajudar a reverter as condições vulneráveis de muitas das espécies a curto e médio prazo… sim, porque a longo prazo é já neste preciso momento; uma ilusão.

1) Moa - Esta ave de grande porte, de asa pequenas, pés e pernas possantes, pescoço longo, cabeça reduzida mas com um bico quase quadrado e narinas largas, que nalguns géneros maiores podia chegar aos três metros de altura e pesar perto de 250 kg fazia parte da família Dinornithidae, e conhecem-se ainda vários géneros com eventualmente mais de 10 espécies. O seu desaparecimento no ínicio do século XVI calcula-se que se tenha sido em parte devido à caça por causa da sua carne, pelos Moaris, povo da Nova-Zelândia. Associado também a doenças trazidas por outras aves invasoras ou a alterações climáticas causada pela elevadissima actividade vulcânica da região. Pensa-se que o seu principal predador natural fosse uma outra ave: a Águia-de-Hasst, também extinta talvez pelo desaparecimento da primeira. A Moa, foi provavelmente, a maior ave que já viveu sobre a Terra.



2) Dodó - Era uma ave, estranhamente, pela sua fisionomia descrita, próxima de outra ave não-voadora (Solitário-de-Rodrigues) semelhante àquilo que hoje conhecemos como um pombo. Nem de um nem do outro, temos dados suficientes que nos permitam saber exactmente como eram. Porém algumas descrições existentes, ajudam-nos a ter uma ideia de como eram as aves nas diversas illhas Mascarenhas, junto de Madagascar. O Dodó deveria mais de 15kg e com base nos ossos encontrados pode-se dizer que teria cerca de 1 metro de altura. Em termos morfológicos, com base nos desenhos que chegaram a nós identificam por vezes uma ave de plumagem cinzento claro, quase branca, pés amarelos... bico desproporcionado tricolor entre amarelo, preto e verde. Diria, semelhante ou mal comparado, de uma mistura entre o Nandu da America do Sul ou a Avestruz africana, porém em ponto pequeno. Por isso, não sei se consigo aceitar, como Taxonomia, muitas de referências que definem esta espécie, apesar de biológicamente, a genética os aproximar de antepassados dos nossos conhecidos pombos. Presume-se, que o grande motivo que levou à sua extinção tenha sido a facilidade com que eram caçados pelos marinheiros que faziam rotas nas ilhas Maurícias. A última menção de que há registo desta ave é datada de 1662. Há também dados de que chegaram quatro exemplares à Europa.  
  
Através do IUCN (Internacional Union for Conservation of Nature), todos nós poderíamos (ou deveríamos ter o dever) de nos informar sobre as espécies ao abrigo deste estudo, e em consciência, perceber que por muito poucas que sejam as palavras ou as acções, elas farão certamente a diferença aos olhos dos nossos filhos e das gerações que ainda nos sucederão.


1 comentário:

  1. olha filipe, te digo: EU, se pudesse, se um dia virasse biólogo ou um milionário, faria o impossível pra evitar tanto a extinção de animais quanto de vegetais. pelo menos até onde eu poderia salvar. eu estou tentando incentivar, com meu pequeno dinheiro, o hábito da entomofagia(consumo de insetos, pra diminuir o impacto do consumo de carne de boi), e o consumo de ervas daninhas comestíveis e pancs(alimentos não-convencionais), como ora-pro-nóbis, carámoela, cambucá, etc. e claro, tento economizar água e comprar boilers pra minha casa, o que não parece fácil, pois só ganho salário mínimo. já tentei também, espalhar no meu sítio, abelhas nativas do brasil, ameaçadas de extinção, tentei pedir em apiários da internet mas não funcionou.

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